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A quadrilha em guerra

Parece até coisa do Drummond, a quadrilha aqui não é aquela de João, que amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. O jogo no Planalto Central é pesado e de ódio. Os políticos estão à beira do desespero e jogam a culpa no colega, adversário de delação em pouco tempo. Como se não bastassem às disputas naturais na política agora a briga é na Justiça. O clima está tenso e a quadrilha invertida funciona assim: O presidente Michel Temer (PMDB) odeia o Ministério Público, que odeia o Congresso, que odeia a Polícia Federal, que odeia o Supremo que não odeia ninguém ou a odeia todos.

Os poderes estão em guerra e a disputa de cotoveladas luta por centímetros de poder. O Supremo ganha a guerra e se transforma no poder moderador e pode tudo. O Congresso, humilhado e investigado, tenta a esmo reações que são eliminadas na próxima operação e a Polícia Federal não quer saber do Ministério Público investigando e se agridem sobre a eficiência do trabalho. Enquanto isso, o presidente com apoio do Congresso evitou dois processos e continua sendo investigado. O clima é tenso, mas essa disputa de poderes é positiva e deve favorecer o aparecimento de dias melhores no futuro. Na acomodação.

O caminho para um novo relacionamento político e jurídico já está pronto e como dizem os ministros do Supremo, o trem já partiu da estação, ou seja, não tem mais volta. Não há força política que possa parar a Lava Jato e a semente para novas operações já está germinando, ou seja, apesar de gritos e desconfiança, os processos em curso não serão arquivados e nem mesmo o Supremo terá este poder de ir contra todos e contra a corrente formada na defesa de mudar os costumes. Esse é o quadro, mas não custa nada desconfiar, cobrar e vigiar.

No final, e só no final, as pontas se fecham e a quadrilha se anula. Por aqui ninguém fica sozinho como na poesia do Drummond. Não há quem cometa o suicídio, nada de fugir para os Estados Unidos, já que os braços da lei são longos e fortes e não há possibilidade para final feliz de envolvidos na investigação. Aqui, como tudo indica a visão do futuro está em grades, celas, delações e ranger de dentes. O resumo da história é de que Cunha (PMDB) que odiava Lula (PT) está preso. Lula que odiava Aécio (PSDB) também será preso. Aécio que odiava a Dilma (PT) será preso, Dilma que não sabia odiar está solta e que Temer articulou no Congresso pode lutar anos a favor da morosidade da Justiça. A última notícia é de que Geddel Vieira Lima (PMDB) e Joesley Batista Delator estão brigando na prisão e Geddel foi chamado de gordo.