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Índice de inadimplência cai nos últimos meses em BH

Os saques das contas inativas do FGTS ajudaram na recuperação financeira de algumas famílias belo-horizontinas. É o que aponta a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Fecomércio MG. Segundo o levantamento, de março a agosto, o índice recuou 2,8 pontos percentuais, passando de 7,4% para 4,6% de consumidores inadimplentes.

A análise mostra ainda que 36,3% dos entrevistados estão com contas pendentes a mais de 90 dias e, em média, as dívidas estão atrasadas há 55 dias.

Para Guilherme Almeida, economista da Fecomércio MG, esse recuo da inadimplência era previsto, pois em pesquisas realizadas com a população já se constatava que a maioria iria utilizar o dinheiro para quitar dívidas. “A tendência é que o índice de endividamento tenha certa estabilidade, porque o nível de comprometimento financeiro das famílias vem diminuindo. Isso indica cautela das pessoas e que elas estão evitando consumir, devido ao cenário econômico de elevadas taxas de juros e desemprego”.

Maior vilão
O cartão de crédito ainda é a modalidade na qual se concentra a maior parte das dívidas dos moradores da capital mineira. Segundo a pesquisa, 88,5% das pessoas estão em débito com o cartão, seguido por financiamento imobiliário (7,9%) e cheque especial (7,8%).

Almeida destaca que o endividamento nessa modalidade se deve, principalmente, pela facilidade de crédito oferecido ao consumidor, que em alguns casos, o considera como um complemento da renda e não uma dívida. “Antigamente, as pessoas usavam o cartão de crédito para comprar produtos mais caros e que demandavam mais tempo para pagar. Porém, isso mudou e, agora, muitos o usam até para pagar um cafezinho na padaria”.

Além disso, o economista destaca que há aqueles que, mesmo não tendo saldo positivo, ainda continuam utilizando o cartão. “Há uma tendência, observada antes da crise, de substituição do dinheiro em espécie para essa modalidade e isso se intensificou no período de recessão”.

A relações públicas Larissa Costa é uma dessas pessoas que usou o dinheiro das contas inativas para quitar uma dívida não planejada no cartão de crédito. Segundo ela, a fatura estava em R$ 4 mil e com o benefício do FGTS, conseguiu escapar da inadimplência. “A fatura não estava atrasada, porém, ela veio muito alta e eu não teria condições de pagar”.

Mudanças
Apesar da queda no nível de endividamento das famílias, o índice ainda é considerado alto. Almeida acredita que uma mudança desse cenário só é possível por meio de medidas substanciais e que ensinem as pessoas a controlar melhor o salário x gastos. Além disso, ele acrescenta que a liberação do FTGS foi uma atitude pouco eficaz para resolver o problema a longo prazo. “Não adianta os indicadores macroeconômicos estarem bons se o consumidor tem um comportamento de descontrole orçamentário. Nesse caso, o barateamento da dívida não irá significar em redução da inadimplência”.

Segundo o economista, a educação financeira seria a melhor solução para sanar os problemas de contas atrasadas. “Infelizmente, o brasileiro, no geral, tem o hábito de gastar mais do que ganha”.

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[box title=” Diferença entre endividamento e inadimplência” bg_color=”#6b97bf” align=”center”]Os economistas consideram endividamento qualquer compromisso financeiro que uma pessoa adquire e a inadimplência é quando ela não consegue quitar essas contas pendentes. [/box]