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Após 23 anos, César Masci quer voltar ao Cruzeiro

Considerado como o “presidente eterno”, César Masci irá se candidatar, novamente, para o maior cargo dentro da hierarquia do Cruzeiro, posto que conhece muito bem, afinal o ocupou de 1991 a 1994. Nesse período, a equipe celeste conquistou cinco títulos: duas Supercopas Sul-Americana, dois Campeonatos Mineiros e uma Copa do Brasil.

Após 23 anos da sua passagem pelo clube, Masci quer voltar e tem como principal objetivo mudar o estatuto para aumentar o número de conselheiros visando, segundo ele, “dar chance aos cruzeirenses importantes que querem ajudar o time”. Além disso, o ex-presidente defende que deve haver, independentemente do resultado das eleições, uma união de todos os candidatos, com o intuito de fortalecer ainda mais o time.

Por que o senhor quer ser presidente novamente do Cruzeiro?

Quero deixar claro que não estou fazendo oposição à atual gestão. Pelo contrário, aprovo o trabalho do Gilvan. Ele está dentro do Cruzeiro há mais de 50 anos, conhece a estrutura e tem feito um bom trabalho. O futebol, hoje, está com uma organização que não é compatível com a atual situação do país. São contratos bilionários, pagando jogadores como se fossemos times europeus. Apesar dos clubes terem uma boa arrecadação, isso não é aproveitado. No caso do Cruzeiro, precisamos fazer um choque de gestão, como o meu irmão Benito fez.

Como o senhor pretende diminuir os salários dos jogadores?

Temos que dirigir um clube da expressão do Cruzeiro com os pés no chão, não podemos administrá-lo de forma irresponsável. Não é cabível pagar salários exorbitantes para os atletas durante um ou 2 anos e depois ter déficit financeiro, como aconteceu com várias equipes do país. Para se conduzir uma time de futebol, é necessário ter o equilíbrio entre razão e emoção. Não se pode dirigir um clube só com o coração, querendo ganhar acima de tudo.  Atualmente, o presidente do Cruzeiro está na mão de empresário e sofre muita pressão da torcida – que sempre existiu – e da imprensa. Então, ele acaba tendo que fazer contratos fora da realidade do time.

O treinador do Fluminense, Abel Braga, disse que os técnicos deveriam fazer greve como uma forma de chamar a atenção para as constantes trocas que há nos clubes. O que o senhor acha disso?

Acabamos de acompanhar a aprovação do Projeto de Lei que flexibiliza as normas trabalhistas. Então, acho que o Abel está indo contrário à modernidade. Quem contrata o técnico é o presidente, mas quem demite é a torcida. Não é o clube que manda embora. O treinador tem que viver de vitórias, então, se começa a ser vaiado é porque a torcida não quer mais a presença dele e isso traz uma insegurança para os atletas e clube. Se o comandante não tem o apoio da arquibancada, como ele vai dirigir aquela equipe?

O Atlético está com o projeto de fazer um estádio. O senhor pensa nessa possibilidade também?

Não, pois o clube que tem o Mineirão à disposição não precisa fazer estádio. O Atlético vai fazer uma arena superior, com a comodidade e localização que o Mineirão oferece? Acho que não.

Caso ganhe, o que pegará de positivo para esta nova gestão?

Vou usar a experiência que tive, junto com os meus irmãos, para dirigir o Cruzeiro com pé no chão. O time é eterno e não deve ser pensando para apenas duas ou três temporadas.

E o que pretende mudar?

Vou mudar muita coisa, a começar pelo estatuto. O Cruzeiro cresceu muito, e, hoje, é um dos principais clubes brasileiros e de expressão mundial. Ele não pode continuar com o regimento que não corresponde às necessidades do time. Temos que ter leis modernas, éticas, dar oportunidade a grandes cruzeirenses que querem e têm condições de colaborar. Por isso, quero dobrar o número de conselheiros, valorizar as categorias de base e prestigiar o sócio torcedor, que é responsável por uma grande parte da arrecadação do clube.

Como você avalia a gestão do atual presidente, Gilvan de Pinho Tavares?

Dentro das possibilidades, muito boa. O Gilvan está sozinho, pois quando ganha não sai na foto, mas quando perde é o primeiro a ser vaiado. Mais do que ninguém, o presidente quer ser vitorioso e o torcedor precisa entender isso.


Entenda como é a eleição no Cruzeiro

A eleição, que está programada para outubro deste ano, é feita pelos conselheiros do clube. São 220 efetivos, 280 natos e 15 beneméritos, ou seja, 515 no total. Todos têm o mesmo peso e o presidente eleito deve ter a maioria dos votos.