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Competência, ética e seriedade estão de luto

Eu me preparava para escrever o texto quinzenal dedicado ao Edição do Brasil, quando chegou a notícia: ‘Morreu nesta quinta-feira, 8/6/2017, vítima de um câncer, o diretor de futebol do Atlético, Eduardo Maluf’. Sofri um baque, porque ele foi uma das amizades que mais cultivei no futebol. Eu o conheci ainda jovem, no Valeriodoce, como se denominava o time de Itabira, mantido pela Cia. Vale do Rio Doce e com alguns parcos recursos da prefeitura. Maluf era goleiro, mas devido à sua aptidão para harmonizar interesses, amenizar conflitos e liderar pessoas, a par de uma amena, mas destacada capacidade de articulação verbal, foi levado naturalmente a outras posições no ambiente profissional da companhia. 

Ele deixou momentaneamente o futebol e passou a dirigir o Hotel Ipê, da Vale, no alto de uma colina, perto da mineradora e do Estádio Israel Pinheiro. Foram tantas as minhas idas à cidade para as transmissões de jogos, e tantas as dificuldades para transmitir, porque só havia uma linha Telemig a ser sorteada para as emissoras de Belo Horizonte, que muitas dessas idas me exigiram, e à equipe, estar em Itabira na véspera, para montar uma mini estação de rádio amador – SSB – a fim de garantir as transmissões.

Me hospedava naquele hotel e me tornava cada vez mais amigo, admirador e ouvinte do Maluf. Do hotel, ele foi intimado a dirigir o Valério como técnico, diretor de futebol, supervisor, vice-presidente, presidente e, paralelamente, representante do clube na Federação Mineira de Futebol. Ali começou a sua ascensão estadual e nacional como dirigente. Maluf era sempre a opinião mais sensata nos embates dos pré-jogos ou nos Conselhos Divisionais, reuniões que determinavam fórmulas de disputas.

Seu desempenho, reconhecido pela imprensa e adversários, serviu de estímulo para que estudasse a administração superior do futebol e dali passasse a ser o diretor melhor preparado na prática e na teoria acadêmica, um vitorioso nos grandes clubes, como aponta o seu extraordinário currículo. Subiu aos céus e aos 61 anos, para reforçar o divino time de craques, o meu amigo Eduardo Maluf, meu ouvinte pelo rádio e pelos bons e inesquecíveis momentos de telefonemas e diálogos presenciais. O futebol perdeu um gestor de extrema competência, ética e seriedade. Eu perdi uma das minhas mais diletas admirações.