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Carne Fraca ou Plano de Lesa Pátria

 

Não é a toa que um dos setores mais produtivos e que vem carregando a economia brasileira nas costas, esteja hoje abismado e estarrecido com a propaganda lesa pátria desencadeada nos últimos dias no Brasil, condenando o agronegócio a um fundo de poço do qual poderá levar anos a se reerguer.
E pasmem: tal propaganda vem de dois setores importantíssimos da segurança nacional, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.
No momento em que esbanjam aos quatro ventos que o brasileiro vem consumindo carne com papelão, ou com doenças inconfessáveis quando do abate e do processamento dos bois destinados ao abate, não mediram as conseqüências nefastas que tal atitude está ocasionando na economia brasileira, tanto no aspecto econômico-financeiro, quanto no aspecto cívico moral, perante não só à população brasileira, mas sobretudo, às comunidades internacionais, importadoras da carne nacional.
No momento em que se incentivou uma ampla divulgação dos crimes cometidos, colocando no mesmo barco da ilegalidade e da safadeza, todo o agronegócio brasileiro, gerando uma desconfiança monumental na agropecuária nacional, tornou-se um crime tão ou mais nefasto, que as falcatruas comprovadas contra uns poucos frigoríficos, dos milhares existentes no País.
Não foi sem maiores dúvidas que o Ministério da Agricultura vem dizendo que das plantas frigoríficas no Brasil, em número igual a 4.850, não pode ser prejudicada por episódios pontuais.
E pior, levando de roldão os pecuaristas brasileiros, que, a duras penas – e longos anos – conseguiram, extirpar do País, a praga da febre aftosa no gado nacional.
Com isso, reabriram mercados em países totalmente fechados à carne brasileira, como a Rússia e a China, que, face aos últimos acontecimentos e amplitude de uma divulgação que visou atender mais à vaidade de alguns do que, propriamente, assegurar um mínimo de proteção à população, certamente deverão revisar seus planos de importação ao produto brasileiro.
Para se ter idéia, dos 853 mil embarques de carnes para o exterior ao longo dos últimos seis meses, apenas 184 foram considerados pelos importadores fora da conformidade, muitas vezes por causa de temas não sanitários, como rotulagem e preenchimento de certificados.
Por sua vez, os nomes dos frigoríficos divulgados – os maiores do Brasil – têm no fundo um enfoque político partidário, quando se sabe, por exemplo, que o JBS do Friboi é considerado ligado ao filho mais velho de Lula.
O que há de ser feito agora é, de fato, uma auditoria consistente nos trabalhos desenvolvidos pelos frigoríficos brasileiros, até mesmo com a utilização de experts nacionais e internacionais, como forma de minimizar os efeitos das denúncias, com expedição de certificados de qualidade confiáveis ao mercado nacional e, sobretudo, ao internacional.
O problema como se apresenta, retira toda e qualquer desconfiança na criação de uma consultoria de alto nível, capaz de dar respaldo à produção da carne brasileira, pois, na situação em que a crise se encontra, é até mesmo caso de segurança nacional, por envolver um dos mais importantes setores da economia brasileira.

*Advogado e Jornalista – paulo.passos@br.inter.net