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PIB tem a pior queda desde 1930

A economia nacional, mais uma vez, apresentou retração e fechou o ano com queda de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016, em relação ao ano anterior, com o valor nominal de R$ 6,3 trilhões. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última semana.

Em 2015, o PIB já havia recuado 3,8%. O resultado é o pior da história, sendo que essa sequência de baixas só foi constatada nos anos de 1930 e 1931, quando os recuos foram de 2,1% e 3,3%, respectivamente.

O professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mário Rodarte, avalia que essa queda já era esperada. “Não era desejável, mas quem acompanhava os outros índices já imaginava que seria um período de retração”.

Além disso, o PIB per capita também apresentou queda de 4,4%, alcançando R$ 30,40. “Se esse indicador cai, mostra que a capacidade de renda das pessoas também caiu de uma forma geral. Infelizmente, durante uma crise, os pobres sempre são os mais afetados”.

Queda generalizada

Para construir o índice, o IBGE baseou-se nos setores de agropecuária, indústria e serviços, e todos esses apresentaram queda em relação ao ano anterior, sendo que os recuos foram 6,6%, 3,8% e 2,7%, respectivamente. “Não se esperava essa queda generalizada”, comenta Rodarte.

O principal fator que contribuiu para a queda na agropecuária foi o desempenho fraco da agricultura; já na indústria, o que puxou a queda foi o setor de transformação; e no de serviços, o fator determinante para o resultado ruim foi o de transportes.

O consumo das famílias caiu 4,2% em relação ao ano anterior – e em 2015 a queda foi de 3,9%. O resultado ruim por ser explicado pela deterioração dos indicadores de juros, crédito, emprego e renda ao longo de 2016. E as despesas do Governo também apresentou queda: 0,6% ante a 1,1% em 2015.

Já no setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 1,9%, enquanto que as importações de bens e serviços caíram 10,3%.

Expectativa

O professor acredita que esse cenário de insegurança econômica não vai mudar nos próximos anos. Para ele, algumas medidas do Governo Federal, como a PEC do Teto, que delimita os gastos públicos no período de 20 anos, e a Reforma da Previdência estão contribuindo para a manutenção do pessimismo. “O trabalhador, quem manteve a economia em alta nos anos anteriores, está perdendo a renda, pois alguns estão desempregados ou em subempregos”.

Rodarte também comentou que, apesar da tentativa de aquecer o consumo com a liberação do FGTS de contas inativas, os níveis econômicos continuarão em queda. “Essa medida vai dar renda para as pessoas que estão endividadas. A tendência é que elas peguem o dinheiro para pagar as contas atrasadas, e por isso, acredito que essa “ingestão” de dinheiro não terá resultado na macroeconomia”.

Para que haja uma possível recuperação econômica, o professor acredita que os resultados da próxima eleição presidencial será fundamental. “Se o próximo presidente quiser investir na capacidade de consumir do trabalhador, podemos ter resultados positivos; caso contrário, continuaremos em recessão”.

ENTENDA

O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de tudo o que produzido por um em um local, seja região, estado ou país, durante um determinado período. O PIB é o indicador mais utilizado na macroeconomia para mensurar a atividade econômica. No Brasil, é o IBGE responsável por divulgar esses valores.
O PIB é composto basicamente pela seguinte fórmula: consumo das famílias + consumo do governo + investimentos + exportações – importações.
PIB per capita é o PIB dividido pelo número de habitantes. Este indicador foi o primeiro a ser usado como parâmetro para saber se a população tinha uma boa qualidade de vida, porém, devido a sua imprecisão, atualmente usa-se o coeficiente de Gini.