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7 milhões de empregos devem ser substituídos por tecnologias

Inovações vão transformar o mercado de trabalho até 2020 (foto: divulgação)

A tecnologia causou importantes mudanças no mundo, principalmente no mercado de trabalho, onde novas profissões surgiram e algumas deixaram de existir devido à evolução. Analisando esse cenário, podemos dizer que as inovações já estão quase que, completamente, em nosso cotidiano. Ou seja, atravessamos um momento em que os profissionais que não fazem parte da digitalização estão se tornando limitados e obsoletos para o futuro. As cenas do clássico filme “Tempos Modernos”, de Charlie Chaplin nunca estiveram tão atuais como agora.

O CEO da rede social LinkedIn, Jeff Weiner, em recente entrevista disse que as novas tecnologias, como a inteligência artificial e os sistemas cognitivos, vão dominar cerca de 7 milhões de vagas no mundo até o ano de 2020, mas, 2 milhões de empregos serão criados com o avanço da tecnologia. “São números altos, mas, que serão inevitáveis”, ressalta.

As palavras do executivo vão ao encontro do relatório da consultoria Forrester Research, o estudo feito nos Estados Unidos aponta que os sistemas de inteligência artificial vão substituir 7% dos empregos até 2025. O levantamento mostra ainda que robôs, máquinas inteligentes e sistemas de machine learning – aprendizagem automática – substituirão 16% dos trabalhadores, enquanto surgirá 9% de novos empregos – 13,9 milhões de novos postos de trabalho.

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Máquinas vão substituir 16% dos trabalhadores
(Foto: divulgação)

 

Mercado de trabalho

Para o professor da UFMG e autor do livro “As profissões do futuro”, Carlos Brandão, as tecnologias são responsáveis pela modernização do atual modelo de mercado trabalhista. “Essa modernidade abre um enorme leque de ocupações, mas também alterou a maneira de atuar das profissões mais antigas e tradicionais, exigindo um novo tipo de profissional que seja capaz de se articular com outras pessoas e setores da economia. Sendo assim, criou-se a necessidade de que essas pessoas tenham vários conhecimentos complementares em seus campos de atuação”, diz.

Brandão cita casos que podem ser considerados como exemplos da integração das tecnologias ao nosso meio mercadológico. “Neste aspecto podemos considerar como um fator muito importante as atuações à distância. Alguns médicos já conseguem realizar procedimentos sem estar no local. Além disso, existem cirurgias com micro robôs, que abre um novo campo de atuação para os profissionais que vão fazer as atualizações e manutenções desse sistema”.

Para ele, os empregos seguirão se modificando ao longo dos anos. “Temos de entender que estamos lidando com um mercado de trabalho em constante evolução. Por exemplo, os vendedores terão de operar, além das vendas presenciais, com as compras virtuais e isso vai exigir mais qualificação e capacitação dos profissionais”, acrescenta.

Tecnologia x Humanização

A pesquisa aponta que essas mudanças também podem levar a aumento de desemprego, desigualdade e insegurança no emprego. O relatório recomenda que se dê mais ênfase às habilidades digitais e ao empreendedorismo para os jovens.

Para o professor, o crescimento tecnológico precisa acompanhar a preservação dos seres-humanos. Ou seja, é necessário de um progresso humanístico, que não vem acontecendo atualmente. “Isso nos leva à situações perigosas. Temos de entender que temos uma capacidade de crescimento econômico muito grande, onde as pessoas poderiam trabalhar menos, com uma melhor distribuição de funções e, desta forma, gerar mais postos de trabalho para o mercado, sem queda na produção. Assim, as pessoas teriam mais tempo livre e um salário digno”.

Brandão cita um exemplo onde sua teoria poderia ser aplicada. “Um cargo em uma empresa pode ser dividido em dois turnos e, assim, abrir uma nova vaga de trabalho, sem perda de salário. Porém, para isso dar certo, seria necessário uma política melhor de distribuição de riqueza. Acredito que a riqueza mundial é capaz de sustentar um sistema assim, o progresso tecnológico não pode deixar de lado o humanismo”, explica.

Jovens sem futuro

De acordo com o relatório The New Work Order, divulgado pela Foundation for Young Australians (FYA), cerca de 60% dos estudantes estão atrás de carreiras que se tornarão obsoletas pelos avanços tecnológicos e automação. A pesquisa mostra ainda que que os jovens entram no mercado de trabalho em empregos que serão afetados pela evolução do mercado prevista para os próximos 10 a 15 anos.

“A educação não pode ser apenas uma instrumentação técnica, pois, desta maneira, essa ameaça de ser um profissional sem futuro no mercado é muito grande. O importante é trabalhar os aprendizados no sentido de estimular os jovens a aprender sempre, continuar os estudos, se atualizar, ter flexibilidade e um senso crítico em relação a vida, as relações profissionais e as mudanças do mercado. Desta forma, teremos uma geração mais capacitada para acompanhar o mundo”, conclui o professor.