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Belo-horizontinos vão usar o 13º salário para quitar dívidas

Número de pessoas registradas no SPC da CDL/BH

A recente pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), mostrou que o número de pessoas inadimplentes cresceu 5,22% em setembro se comparado ao mesmo período de 2015, cujo índice ficou em 2,52%. Já em 2014 e 2013 o indicador registrou alta de 3,37% e 3,14%, respectivamente.

Para a economista da CDL/BH Ana Paula Bastos, isso se deve a uma soma de fatores, entre eles, a alta taxa de desemprego, que é de 12% na capital. “O aumento da inflação reduziu a renda real das pessoas e está elevando o custo de vida da população, diminuindo a capacidade de pagamento e gerando endividamento. Além disso, com a alta percentagem de desemprego, as pessoas não tem como quitar seus débitos. E ainda tem a taxa de juros que está cada vez mais alta, fazendo com que a negociação da dívida seja mais cara. Tudo isso aliado a falta de planejamento financeiro resulta na inadimplência”, explica.

Na análise por gênero, os homens foram os responsáveis pela maioria das dívidas em atraso, somando 5,04% em setembro, enquanto que as mulheres responderam por um aumento de 4,97%. Contudo, os principais devedores, tanto homem quanto mulher, são os com idade superior a 65 anos. Esse grupo corresponde a 30,51% do total.
A economista explica que ao se aposentar, os idosos tem uma diminuição de sua renda e este é um motivo para o alto índice de endividados. “Apesar da diminuição, o custo de vida na terceira idade é muito alto: remédios, plano de saúde, tudo encarece neste período. Além disso, muitos deles ainda são os responsáveis financeiros da família”.

Fim de ano

Com a proximidade do término de 2016, Ana Paula aposta que muitas pessoas usarão o 13° salário para quitar as dívidas. “Isso irá fazer com que o índice de inadimplência diminua, mas não será o suficiente para abaixar esse número, porque houve uma queda das pessoas que receberão o benefício este ano”.

Ela acrescenta ainda, que esse fato terá um impacto nas vendas de Natal. “A data será diferente, porque as pessoas irão gastar menos com os presentes e festividades. É um momento onde o planejamento financeiro é essencial para que não se faça mais dívidas”, esclarece.

Cartão de crédito

Já uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) aponta que 77% dos brasileiros optam por pagar suas contas no crédito. Além disso, 96% da população brasileira desconhece os juros do cartão de crédito, que soma 232% ao ano. E ainda, o índice de atraso acima dos 90 dias do vencimento da fatura chegou a 6,2%. No crédito rotativo (quando a pessoa decide pagar o valor mínimo da parcela), o número foi de 36,4%, acumulando uma dívida atual de R$ 39 bilhões.

Ana Paula explica que por isso é preciso pensar antes de parcelar alguma conta no crédito. “A pessoa precisa ter noção do quanto ganha e de qual é o seu gasto fixo mensal. A partir disso, ela saberá o valor de uma parcela que não comprometa seu orçamento. Uma outra dica valiosa é não deixar de pagar o cartão de crédito, porque os juros são altos. E nunca pagar apenas o valor mínimo da fatura, o correto é saldar o seu valor total”, conclui.